Ante um cenário tão desafiador e disruptivo, várias indagações surgem a cada instante. E, apesar da maioria delas ainda estarem sem respostas, algumas especialmente estão me fazendo refletir muito, tais sejam: “Quando iremos voltar à normalidade”? E de qual “normalidade” estamos a falar? Há uma reinvenção do que seria o “normal”?
Pois é, pessoalmente, acredito em um cenário pós-crise #covid19 bem diferente, cheio de ameaças, mas também com muitas e inesperadas oportunidades.
E por que penso assim? Vejamos:
Assistimos à escalada de um vírus impiedoso a estourar “bolhas” (e criar outras). Mas, acima de tudo, ele testa em grau máximo a força e “solidez” de muitos conceitos, ideologismos e modelos de respostas a crises de cidades, países e continentes. Alguns desses, inclusive, sendo literalmente derretidos! Seja eles de ‘”direita”, de “esquerda”, “liberal”, “conservador” etc. Tudo está sendo posto à prova, de forma avassaladora.
Observem que a #convid19 está deixando bem explícito (podemos até nos negar a reconhecer isso) o perigo real de insistirmos em alimentar a “cultura do achismo”, da “pós-verdade”, de raciocínios unidirecionais, em detrimento à educação científica e à visão global do mundo. Chegamos a propagar recentemente: “as vacinas fazem mal, pode até matar”. Resultado: o sarampo voltou! Muita gente deixou de se vacinar contra a gripe. Resultado: os surtos de gripes (exemplo: h1n1) se somaram à pandemia do novo corona vírus. E, paradoxalmente, agora, estamos todos rezando por uma vacina para a Covid9.
Fica, pois, evidente a necessidade de repensar esse endeusamento da pseudociência e essa loucura de adotarmos como elevarmos, ao extremo, a régua balizadora incontestável de verdades as nossas paixões e crenças, inclusive, políticas. Estamos medindo o mundo a partir de uma visão única sem aceitar qualquer tipo de contestação, caso venha do lado considerado oposto. Todas as verdades não podem ser privilégio exclusivo de sua bolha (atentem para isso).
Mergulhar num “sonho dionisíaco” pode ser prazeroso e apaixonante, mas quando o mundo real se apresenta e exige ação e tomada de decisão, estragos importantes podem acontecer por esses excessos. Não podemos seguir cegamente ninguém, não podemos perder a nossa capacidade mínima de análise crítica.
Não é à toa que assistimos ao surgimento de uma profusão de “tribos” (neotribos) com ideias tresloucadas sobre o mundo, sobre os comportamentos e questionando cinicamente o árduo trilhar da ciência. Tentam, com discursos oportunistas, que quase sempre são autoritários e niilistas, e desqualificam conquistas históricas, inclusive da democracia. Ora, como é possível, em pleno século XXI, ser preciso reafirmar a uma criança: “a terra NÃO é plana! ”. Vcs já pararam para se perguntar sobre isso?
Pois é. A #convid19 conseguiu a proeza de revalorizar a importância da Ciência. Alguém ainda tem dúvida que será a Ciência, possivelmente, a responsável por mitigar, curar e chegar a uma solução definitiva para essa #pandemia?
Mas não esqueçamos a Fé. A Fé no transcendental também parece se fortalecer, pois ela está nos dando força, mais resiliência para amenizar nossos sofrimentos, medos e tristezas. Como se nos fosse oferecida uma nova chance (uma janela de oportunidades) para (re)ligar-se ao Ser Maior. E, principalmente, praticar de fato o “Amor ao Próximo”. E isso nunca foi tão importante. A empatia e a solidariedade podem salvar muitos de nós.
Por fim, não poderia deixar de citar a Arte. Quem não se emociona e se revigora ao ouvir uma bela música, das sacadas das janelas, de telhados, das “lives”? O som do” inaudito” que nos faz sublimar e encantar-se naquele instante (mesmo que seja só naquele instante), e ameniza a pressão do mundo real. Como diria Nietzsche: “ A Arte torna a vida suportável”. Quem assistiu a “live” de Andrea Boccelli no último domingo, em Milão, sentiu possivelmente esse inaudito que afaga o espírito nesse momento tão turvo e incerto.
Venceremos essa pandemia, sendo fortes, solidários e trabalhando de forma colaborativa!